O Não irrita...
No passado Domingo, em prol de uma sociedade moderna e anti-cultura de morte, votei Não. 1 539 078 de portugueses, mais 200 mil do que em 1998, também o fizeram. Ao contrário do que é habitual nestas noites eleitorais, a parte vencida assumiu a derrota com uma grande serenidade, o que irritou muita gente. Estranho? Talvez Não.
Vivemos num país em que a letra da constituição é morta. Pode referendar-se a Vida que não é bem Vida mas um conjunto de células vivas que formam uma não-vida sem nome ainda definido (sic) Os referendos não vinculativos juridicamente acabam por o ser politicamente (parece que às vezes os mortos votam ou voltam para os cadernos).
As questões colocadas são seres (vivas ou não, depende da interpretação) em mutação, dizem uma coisa, querem alcançar outra e talvez até resultem numa outra lei. As emissões televisivas nas noites de resultados são cosmopolitas e primam pela originalidade. Convidam-se a discurso personagens estrangeiras. Tenho pensado muito na pobre espanhola que andava a caiar as paredes de uma casa em Lisboa e teve de ir ao Hipermercado comprar mais latas de tinta para uma sala que não estava projectada. Então não é que não falaram à moça no aconselhamento obrigatório? Isso em termos de recuperação do investimento, torna-se mais complicado…rapariga… Calma! Ouvi dizer que com uns técnicos de vendas agressivas a questão compõe-se…
O surrealismo do cenário seria cómico se a decisão não fosse trágica. Não serve de desculpa, apenas dá ânimo a quem perdeu nas urnas o bom combate e, cuja consciência não permitirá sair de cena tão cedo. Estou seguro que com serenidade, inteligência, capacidade de mobilização e a coragem que mostrámos desde 1998 ( e talvez meios financeiros, políticos e mediáticos não tão desiguais como os dos nossos adversários), a história será outra.
O Não irrita, não é? Azar, continuará vigilante porque a Vida não se entrega assim.
PS: Rui Ramos in “Público” 14/02/2007 : “ E que conceito de “modernidade” e “progresso” autoriza a fazer dos concelhos mais rurais, envelhecidos e analfabetos do Sul – aqueles em que o “sim” teve os melhores resultados -, a vanguarda do “progresso” e da “modernidade”? ”
Vivemos num país em que a letra da constituição é morta. Pode referendar-se a Vida que não é bem Vida mas um conjunto de células vivas que formam uma não-vida sem nome ainda definido (sic) Os referendos não vinculativos juridicamente acabam por o ser politicamente (parece que às vezes os mortos votam ou voltam para os cadernos).
As questões colocadas são seres (vivas ou não, depende da interpretação) em mutação, dizem uma coisa, querem alcançar outra e talvez até resultem numa outra lei. As emissões televisivas nas noites de resultados são cosmopolitas e primam pela originalidade. Convidam-se a discurso personagens estrangeiras. Tenho pensado muito na pobre espanhola que andava a caiar as paredes de uma casa em Lisboa e teve de ir ao Hipermercado comprar mais latas de tinta para uma sala que não estava projectada. Então não é que não falaram à moça no aconselhamento obrigatório? Isso em termos de recuperação do investimento, torna-se mais complicado…rapariga… Calma! Ouvi dizer que com uns técnicos de vendas agressivas a questão compõe-se…
O surrealismo do cenário seria cómico se a decisão não fosse trágica. Não serve de desculpa, apenas dá ânimo a quem perdeu nas urnas o bom combate e, cuja consciência não permitirá sair de cena tão cedo. Estou seguro que com serenidade, inteligência, capacidade de mobilização e a coragem que mostrámos desde 1998 ( e talvez meios financeiros, políticos e mediáticos não tão desiguais como os dos nossos adversários), a história será outra.
O Não irrita, não é? Azar, continuará vigilante porque a Vida não se entrega assim.
PS: Rui Ramos in “Público” 14/02/2007 : “ E que conceito de “modernidade” e “progresso” autoriza a fazer dos concelhos mais rurais, envelhecidos e analfabetos do Sul – aqueles em que o “sim” teve os melhores resultados -, a vanguarda do “progresso” e da “modernidade”? ”