homemquintafeira

Blogue da autoria de Manuel Leite da Costa

Thursday, March 30, 2006

De tanto bater o meu coração parou


(1) Tom, 28 anos, filho de um agente imobiliário manhoso e de uma pianista (entretanto falecida), tornou-se um expert em técnicas de saída. A sua vida profissional passa por expulsar inquilinos indesejados de prédios à espera de nova valorização. Mundo violento e corrupto que contrasta com a inocência da música que ouve constantemente no seu walkman e que martela suavemente ao piano nas tocatas de Bach. As mãos servem para esmurrar e ao mesmo tempo para tocar piano incessantemente. A hipótese de uma audição com um antigo mestre leva-o a retomar as aulas de piano com uma pianista chinesa recém chegada a Paris e que, a título de curiosidade, não pesca nada de francês. É o inicio de um crescendo de importância da música em deterimento da violência na personagem principal do filme. Tom de actor e tom de humor irónico que prepassa ao longo de todo o filme.
A música como arte de sublime de chegar às mulheres. À mãe que já partiu e às que lhe povoam a cabeça. "De tanto bater o meu coração parou" (2005), filme de Jacques Audiard, vencedor de 8 Césares em 2005 e do Urso de Prata para a melhor música no festival de Berlim de 2004, é no mínimo imperdível.

(2) Soccernomics 2006, recentemente divulgado pelo banco ABN AMRO, é um interessante estudo económico que procura indicar o país ideal para vencer o Alemanha2006, por forma a que o impacto na economia mundial seja maximizado.

Para Ruben van Leeuwen e Charles Kalshoven, autores do estudo, os efeitos macroeconómicos do futebol não devem ser subestimados, ainda que não sejam suficientes por si só para fazer sair uma economia da recessão.

Através de uma análise histórica de dados, constatam a existência de uma subida do crescimento económico no país vencedor e de um decréscimo no país finalista vencido em ano de Mundial. Quantificam mesmo aquilo a que chamam um bónus económico médio de 0,7% em crescimento adicional no país vencedor e uma penalização económica média de 0,3% em decréscimo económico no país vencido, em relação ao ano anterior (excepção à regra dá-se quando a Holanda chega à final).

Por um lado, os factores psicológicos funcionam como motor de arranque na Economia (é inquestionável que consumidores felizes gastam mais dinheiro, festejam mais, bebem mais, fazem mais jantaradas, aumentam a conta no supermercado, compram camisolas, merchandising, DVD's com os jogos e melhores golos, etc) pelo que a procura interna se agita em caso de vitória.Por outro lado, os negócios saem potencializados. Um país que vence um mundial, chama a atenção pela positiva, atraí investimento estrangeiro, torna as suas exportações mais apelativas e o seu turismo mais sexy.

Posto isto, quais os critérios para definir o país que "economicamente" deve ganhar o mundial 2006? O estudo aponta 3 prévios e faz confronto directo entre dois países no 4º critério final.

1º- tem de ser um país Europeu ( explicação detalhada no estudo tendo em conta a situação actual da economia dos pólos EUA/Ásia/Europa); 2º - tem de ser um país Europeu que conte ( "Nor does Portugal, whose economy is smaller than Polland's" - lapidar. ). Ficam por este critério em cima da mesa 5 países: Itália, Alemanha, Espanha, França e Inglaterra; 3º - deve ser uma economia que necessite de um impulso forte no crescimento ( ficamos reduzidos à Itália e à Alemanha). 4º - Final Económica entre a Alemanha e a Itália com vitória 3-1 para os italianos, depois de bem analisados todos os argumentos pró-Itália e pró-Alemanha.

Contrariamente aos mercados de apostas e às estatísticas que colocam o Brasil na linha da frente, o estudo da ABN AMRO, aponta a Itália como o país certo para vencer o mundial de 2006, pelo menos para bem da Economia mundial. A ler na integra em http://www.abnamro.com/com/homepage.jsp

(3) A Asterixização da política - " Parece-me um bocado propagandex, à Socratex, mas se for verdadex, é bonzex"- Ribeiro e Castro sobre o simplex 2006

Thursday, March 02, 2006

Old Boy


1

Old Boy, de Chan-wook Park, é um filme sul-coreano sobre a vingança. Aquela que se serve a frio, ou melhor, neste caso a cru. O personagem principal é Oh Dae-Su, um tagarela de gema, bêbado e preso logo nos primeiros 5 minutos da fita. Uma autêntica caixa de surpresas este rapaz! Aos 10 minutos, já foi raptado e preso num apartamento durante 15 anos, sem sequer saber quem o mandou prender nem porquê. Poucos frames depois, impecavelmente vestido, munido de telemóvel e dinheiro q.b. ( gentilmente fornecidos pelo raptor), Oh Dae-Su inicia a sua caminhada rumo ao ajuste de contas final.
Obviamente que a fome aperta, mesmo em clima de vingança, e daí haver a necessidade de uma pequena degustação. Um polvo fresco (cru) a cargo da chef japonesa Mido (por quem acaba por se apaixonar) cai sempre bem.
Com ar de doido amigável, Oh Dae-Su tem a força de um Óbelix e consegue cativar-nos do início ao fim do filme. O Júri do festival de Cannes premiou-o em 2004 com o grande prémio. A não perder…

2

25 anos de actividade do único grupo rock português capaz de encher um estádio até à data, comemorados com um álbum de tributo a editar a 27.03.2006. Versões soul, hip hop e reggae de “ Espelho Meu”, “ 6ª Feira( Um Seu Criado)”, “PopLess”, “Pós Modernos”, “Sete Naves”, “Bem Vindo ao Passado”, “Efectivamente”, “Hardcore 1º Esacalão”, “Pronúncia do Norte”, “Essa Fada”, “Mau Pastor”, “Nova Gente”, “Falha Humana”, sem esquecer o clássico “Dunas”. Tudo interpretado por novas apostas da música nacional, havendo ainda a particularidade de Tito Romão (filho do baixista dos GNR de apenas 11 anos) tocar bateria numa das versões. Claramente sub 16, meus amigos, mas legal nesta democracia acidental onde capachinho vermelho é um fadista comunista caído em desgraça.Entretanto, a EMI promete lançar documentário sobre a banda + concerto de Alvalade em DVD + Independança (1982) e Defeitos Especiais (1984) em formato digital+ reeditar a discografia do grupo de Reininho. Até que enfim!

3

A devorar durante a semana o número de Fevereiro da revista Atlântico ao som de Inside In The Inside Out dos The Kooks.