homemquintafeira

Blogue da autoria de Manuel Leite da Costa

Thursday, January 26, 2006

Loving Maradona


Quem é Maradona afinal? Um jogador de outro planeta numa era pré-galáticos? O herói do México 86 com a famosa mão de Deus e jogadas mirabolantes? O ídolo de Nápoles ( conquista a Taça UEFA e consegue 2 títulos italianos, feitos até ai inéditos no clube) ? O melhor jogador de sempre? Ou será antes o ex-jogador vicíado em cocaína, gordo, quezilento e resmungão que se tornou amigo de um ditador fashion, inimigo de Pélé e apresentador de TV na Argentina?

Diego Armando Maradona, El Pibe de Oro, é sinónimo de paixão, delírio e fanatismo. Viveu a glória e a desgraça. Tornou-se um verdadeiro símbolo global. Um ícon pop do século XX que aparece nas nossas caixas de email a snifar linhas de um campo de futebol ou estampado em t-shirts azuis celestes com a inscrição "God Save The King", com a mesma facilidade com que surge nos noticiários dos telejornais a disparar tiros de caçadeira contra jornalistas.

"Loving Maradona" ou " Amando Armando Maradona"(título original) estreou no início do mês na Argentina. É o primeiro filme sobre a vida do craque das Pampas. ( Emir Kusturica e Dino Risi preparam obras sobre o argentino). Realizado por Javier Vásquez, um publicitário de 36 anos, esta co-produção argentino-neozelandesa, retrata a vida do astro através das pessoas que o gravaram a fogo no seu coração. Poético!

A julgar pelo cartaz promocional e pela canção entoada pela plateia no final da ante-estreia na Argentina ( "Brasileno, brasileno/ qué amargado se te ve/ Maradona és más grande, más grande que Péle"), a coisa promete!

Thursday, January 19, 2006

Aramark Francisco


A revista Fortune colocou na primeira posição da sua listagem anual de 2005 ( a FORTUNE 500) , uma empresa de Filadélfia que emprega 240 000 pessoas e tem clientes em 19 países do mundo. Nada de estranho para quem desde 1998 se encontra entre as mais admiradas empresas norte-americanas do sector.

Que fazem os moços? Servem refeições prontas e à medida dos desejos dos seus clientes sejam eles escolas, centros de conferências, estádios, empresas, universidades, lares de idosos, equipamentos de lazer, hospitais ou clínicas. As refeições saem melhor que paezinhos quentes e são premiadas mundo fora e arredores, fazendo da Aramark a empresa líder do "catering" à escala global.

A Aramark apresenta uma política de responsabilidade social, tem princípios orientadores interessantes, é presença regular no "Top 50 Employer for Minorities" e o envolvimento com a comunidade gera seguidores no interior da organização. No entanto, algo me induz a pensar que se o Bloco de Esquerda olhasse "olhos nos olhos" para esta empresa, veria nela laivos de "imperialista" porque americana, um alvo a abater porque símbolo da força da iniciativa privada e, claro, uma iminente praga social porque líder de mercado.

Não sei o que é que a Aramark pensa sobre o partido em causa, provavelmente ainda nem sabe da sua existência, mas desconfio que em breve, quando comparar o logotipo do Bloco com o da empresa, decidirá logo incluir caviar e ganza nos menús e tentará celebrar, com a maior celeridade possível, um contrato de fornecimento de refeições ao partido.

Obviamente o lombo de porco, prato conservador e elitista, terá os dias contados nos jantares de campanha do Bloco... Apetece dizer "olhos nos olhos"....Aramark Francisco..

Thursday, January 12, 2006

A noiva cadáver


Maudeline e Finis Everglot, um casal de nobres à beira de falência técnica, vêem no casamento da filha com ar de lontra (Victoria), a tábua de salvação, o verdadeiro balão de oxigénio para os seus problemas financeiros. A escolha dos compadres recai em Nell e William Van Dort, pais de um tímido Victor, milionários da indústria conserveira de peixe, com dinheiro mais fresco do que o peixe que conservam e uma enorme vontade em pertencer à alta sociedade. A “educação” e a “cultura”…. who cares?

Tudo parece bem encaminhado para uma boda interessante, pelo menos para os pais, até que no ensaio geral do casamento, o rapaz dos Van Dort se mostra incapaz de decorar os votos, deixando enfurecido o pastor Galswells, que lhe recomenda treino solitário. Desesperada a pequena lontra fica, apesar de apenas o ter conhecido uns momentos antes.
Victor resolve ir treinar os votos para o pinhal, ou melhor para a floresta mais próxima…

Quando as coisas parecem encaminhadas para o sucesso, o rapaz tem a peregrina ideia de colocar a aliança num ramo de uma árvore, em simulação do dedo da futura esposa….ora nem mais…pecado capital! Victor coloca o anel no dedo de um cadáver! Para ser mais exacto , no dedo de uma noiva que ansiava debaixo da terra por este momento para se libertar do passado e ser feliz ( chavão clássico).

Segue-se o pior. Victor é sugado para o “mundo debaixo da terra” onde a vida têm outras cores e outro ritmo ( consta que a arquitectura lá de baixo é uma homenagem de Burton a Gaudí ), longe do cinzento e triste “mundo terreno”. Aqui se inicia o dilema do rapaz. Está no mundo dos mortos agarrado uma noiva de osso e tem no mundo terreno uma noiva com carne à sua espera.

Inspirado num conto popular russo, a Noiva Cadáver é a mais recente aventura cinematográfica de animação de Tim Burton. Carregada de humor negro e com o Jonny Depp do costume (só na voz) apresenta pormenores deliciosos como a minhoca que habita na cabeça da noiva cadáver ou as sessões de piano a duas e a quatro mãos. Seguramente garantido o preço do bilhete.

Thursday, January 05, 2006

Un Romantico a Milano



Pérolas escondidas em 11 faixas de um CD. Baustelle, " La Malavita", melhor álbum rock italiano de 2005 segundo a W ( suplemento do La Repubblica equiparado ao Y do nosso "Público"). Baustelle ( "parola tedesca da pronunciare in assoluta libertà") são uma banda de Montepulciano (Siena) que surgiu nos finais dos anos 90. Ao terceiro disco têm canções assim...meus amigos, é deixar tocar...mandar vir o Chianti e risotto alla milanesa....sabe a pato e soa a violinos....

Mamma, che ne dici di un Romantico a Milano? Fra i Manzoni preferisco quello vero: PieroLeggi C’è un maniaco sul Corriere della Sera/La sua mano per la zingara di Brera /è nera/Fuggi/ Cosa fuggi, non c’è modo di scappare/Ho la febbre ma ti porto fuori a bere/Non è niente, stai tranquilla, è solo il cuore/Porta Ticinese piove ma c’è il sole/Quando il dandy muore fuori nasce un fiore/Le ragazze fan la fila per vedere/La sua tomba con su scritte le parole
“Io vi amo/Vi amo ma vi odio/Però/ vi amo tutti/E’ bello E’ brutto…
“E’ solo questo”/ Scusi, che ne pensa di un Romantico alla Scala? Quando canta le Canzoni della Mala/Scola quasi centomila Montenegro e bloody mary/Mocassini gialli e sentimenti chiaroscuri/“Cara”(Scriverà sulle tovaglie dei Navigli)“/Quanta gioia, quanti giorni, quanti sbagli/Quanto freddo nei polmoni/Che dolore/Non è niente, non è niente, lascia stare/”Se la Madonnina muore nasce un fiore/Lui non vuole che la sua ragazza legga Quelle frasi inciseQuelle frasi amare/“Io vi amoVi amo ma vi odioPerò vi amo tutti/E’ belloE’ brutto Io non lo so”…“E’ un giglio marcio”…“E’ solo questo” /L’erba ti fa male Se la fumi senza stile. - Un Romantico a Milano

Vivere non è possibile”/Lasciò un biglietto inutile/Prima di respirare il gas/Prima di collegarsi al caos/Era mia amica/Era una stronza/Aveva sedici anni appena
Vagamente psichedelica/La sua t-shirt all’epoca/Prima di perdersi nel punk/Prima di perdersi nel crack-La guerra è finita